
Em Tomar, a margem esquerda do Nabão foi sempre a preferida pelos povos antigos: Celtas, Iberos, Romanos, Visigodos, etc... Todos eles deixaram marcas das suas construções nesta margem hoje freguesia de St. Maria dos Olivais. A margem direita, até à ocupação Templária era naturalmente inóspita porque o Nabão inundava o local, hoje freguesia de S. João Batista. Certo que havia uma via Romana que dava acesso à ponte e que provinha de Olisipo e se dirigia a Bracara Augusta. A ponte seria mais comprida no sentido da corredora: as guardas prolongavam-se até à embocadura da rua dos Moinhos.

O Nabão entrava, como hoje, em Tomar dividindo-se em dois cursos distintos: um que seguia a norte do mouchão, pela esquerda, para a ponte, passando junto ao mosteiro de St. Iria o qual era mais forte; outro que inundava a zona que é hoje o jardim da Várzea Pequena que, nesse tempo, era repleto de espadamas, juncos e lodo formando o seu curso na direcção da rua dos Moinhos passando por debaixo da via Romana que ali teria um pontão; dava movimento às rodas das azenhas e vinha passar ao fundo da rua da Graça junto dos Estaus atingindo o curso principal perto do antigo matadouro.
Foi o Infante D. Henrique que viria a transformar e a dar uma grande importância ao rio ao construir a famosa Escola de Navegadores que a tradição erradamente consagrou em Sagres. Esses edifícios tinham como nome Estaus, eram enormes edifícios, para a época, que ocupavam o primeiro quartel a rua dos Arcos; um frente ao outro cujas fachadas tinham 16 arcos Góticos cada igual número de janelas do mesmo estilo por cima do vértice de cada arco; davam luz a enormes salões que serviam de escola, refeitórios e dormitórios. Era aqui que ficavam hospedados os astrónomos, astrólogos, geólogos, cartógrafos, marinheiros... Nos baixos funcionavam as oficinas,c arpintarias, tanoaria, saboaria, segeiro, cordeiro, esparteiro... os armazéns, os mercados, etc.. aqui se construíram as peças para os veículos de passageiros de carga, para embarcações que eram montadas em S. Lourenço junto às ferrarias(também aqui já celtas e Romanos trabalhavam o ferro na antiguidade). A título de curiosidade foi nestas ferrarias de S. Lourenço que D Manuel I anos mais tarde mandou construir canhões para as Naus.

Prontos os barcos facilmente seriam lançados ao rio até ao porto de Punhete (castelo de Constância) onde eram finalizadas as embarcações. Dai seguiam Tejo abaixo até Lisboa de onde se iniciava a grande aventura dos descobrimentos ou achamentos.

*Restos dos arcos...