Contacte-nos através do nosso email:
cethomar@hotmail.com

9/13/2008

Sepultura de um Mestre da Ordem do Templo


Ao muito distinto Arqueólogo Coronel Francisco Garcez Teixeira foi oferecida, há muitos anos, pelo proprietário de uma Quinta (Sr. Albino de Lima Simões) situada junto do Templo de Santa Maria do Olival, em Tomar uma pedra sepulcral que ali servia de ponte sobre o ribeiro Salgado.
A campa, que se encontra no Claustro da Lavagem, do Convento de Cristo em Tomar, é plana, tudo indica que não deve ser a tampa da caixa tumular, é trapezoidal e mede 2m x 80cm.
A pedra tem uma cruz chã, firmada em pé alto. O primeiro e segundo quartéis formados pela cruz estão no centro; o terceiro é ocupado por uma espada de folha larga, arredondada na ponta, com punho maçanetado(sic) e as guardas curvas, voltadas para a lâmina, na qual se encontra distribuídos três escudos boleados.
O Senhor Coronel Teixeira, experimentado epigrafista(sic) na época, somente leu, e com reconstrução de letras e sinais, o seguinte, em caracteres latinos curvilíneos de transição.

Epigrafia:

E:FOI:MAEST`:DO:TÇPLE:NOS:T`S:REINOS


(Obrigado Sr. Rui Ferreira!)
Faltam, como se vê, dois elementos importantes: o nome e a data do óbito, ou outra qualquer que identificassem a pessoa enterrada debaixo desta pedra.
Segundo o Coronel Teixeira tratasse da campa de um mestre dos Templários dos três reinos, pertence ao Séc XIII, época em que ainda a Heráldica não representava apelidos.

Quem era o Mestre ali sepultado????
Governaram os três Reinos o 13º Mestre, Martim Sanches (1228). O 14º Estêvão de Belmonte (1229), o 15º Guilherme Fellcom (1239), o 18º Martim Martins (1242), 19º Pedro Gomes (1247), o 20º Paio Gomes (1250), o 21º Martinho Nunes (1253) e por fim o 25º João Fernandes (1283).
Destes nomes, sabe-se que o último morreu em 23 de Maio de 1288, como referia o seu epitáfio no templo de Santa Maria do Olival. Temos, portanto de escolher entre os sete restantes.
Como se sabe então de quem é na realidade a pedra? Vamos então ver qual o elemento de aproximação do nome com as armas reproduzidas na pedra.
Para o Coronel Garcez Teixeira trata-se do Mestre Martim Martins, que segundo o livro O Mobiliário II refere que D. Martim Pires da Maia, casou com D. Teresa Martins e tiveram três filhos e duas filhas: «o primeiro houve o nome de D. Martim Martins que foi mestre do Templo».
Como se vê, provinha das boas linhagens do reino. Era bisneto de D. Egas Moniz de Riba de Douro e era o terceiro neto do Conde D. Gomes Nunes, de quem foi irmão D. Sancho Nunes, casado com uma irmã do nosso Primeiro rei.
Para os estudos da heráldica medieval houve necessidade de formar árvores de geração, agrupando as famílias e pessoas que usavam armas com os mesmos símbolos. Temos portanto uma família que reúne os escudos em que se vêem faixas, quer simples, quer carregadas, ou carregando outras peças.
Uma nota mais, as faixas e mesmo os símbolos utilizados só foram representados na heráldica desta família na baixa idade média.
Como podemos ver, a probabilidade do Senhor Coronel ter acertado, ao suspeitar que a campa mencionada fosse da sepultura de D. Martim Martins é bastante grande.

Apenas para realçar a importância deste estudo, achamos que cada vez mais há necessidade de todas as pedras tumulares, ou outras, sejam inventariadas e catalogadas, até para uma eventual exposição periódica ou permanente que acho de extrema importância para contextualização e enriquecimento do próprio monumento em sim, mas falando também da mais valia que seria para o publico em geral.

Bibliografia consultada:

- Anais da União dos Amigos dos Monumentos da Ordem de Cristo
- Portugal Templário: José Manuel Capêlo