Lançamento de livro de Manuel J. Gandra
Poesia de João Amendoeira; Nobilis: Luzes e Trevas.
Gualdim Edições, 2015.
No decorrer da vista cultural, inserida no evento de lançamento do Guia Templário de Portugal, vol. V, dedicado a Tomar, João Amendoeira, proporcionou-nos vários momentos de intervenção poética. Todos eles com enfoque na cidade de Tomar e nos locais por onde passámos.
Ouço… ouço… ouço…
Ouço passos…!
Ou será apenas o
vento?
Ouço espadas…
Ou será apenas um
ápice do tempo?
Ouço o abrir das
janelas
O capítulo em mãos de
marinheiros…
Ouço os remos, o içar
das velas
A cruz glorificante
dos nobres cavaleiros.
Ouço, ouço!
Ouço o vento, as
espadas, a janela…!
É ela…! É ela…! Não a
estão a ouvir?
É ela, é serena, é
bela…
a terníssima Sellium,
de nobre nome Tomar
senhora dos reinos de
além-ir
do Prestes João, dos
cristãos de São Tomé,
dos mitos do oriente,
pátria de matemática
e fé
sonhos de água fria e
quente
de recifes e
cataratas
de conhecimento
religiões e serenatas.
É ela… Não a estão a
ouvir?
Escutem com atenção,
Verão que ela está no
vosso coração:
Iluminada pelo fogo
Adorada pela terra
Baptizada pela água
Içada pelo vento.
É ela, a glória deste momento!
Monólogo
da Pedra
“Depois da Terra e do Mar, Deus moldou o
Amor.
Por
vezes, parece um Mar de Pedra.”
Ó
Pedra o que fazes no mar?
Sou
só uma pedra no mar
o
resto não importa
mas
se és uma pedra no mar
tens
que ter algum entendimento
algum
objetivo algum fundamento
tal
como o Amor existe entre a gente
por
vezes está só e escondido
ninguém
o percebe nem sabe o que pretende
sou
só uma pedra no mar
se
me comparas ao Amor
é
porque tens algo para amar
aqui
à minha volta só há água salgada
pouco
se fala de Amor
pois
fica sabendo pedra
que
o Amor é mesmo assim
ele
pouco sabe de si mesmo
às
vezes diz que é paixão
noutras
diz que é amizade
no
fim diz que é companhia
mas
tu pedra és mesmo isso
não
fosses tu uma pedra-pomes
saíste
de um vulcão em explosão
tal
como a paixão sai do primeiro olhar
flutuas
tu sobre o mar
tal
como a amizade vive sobre a vida
e
pelas margens fazes companhia à terra
tal
como o amor diz ter de companheirismo
somos
isto pedra-pomes
loucos
por amor
e
agora vou-me embora
antes
que digam que enlouqueci por falar com uma pedra
porque
assim é a loucura
vai
ao mar e vai à terra
enquanto
o amor flutua
como
eu uma pedra.
Amigos
do Paraíso
Aqui
entre nós
Amigos
do Paraíso
Vive
o olhar e a voz
O
conhecimento e o riso
De
muitos que por aqui passaram
E
tal como nós
aqui
se sentaram
E
viveram o melhor de si
Mas
somos todos assim
Sempre
mais do que queremos ser
Sem
começo nem fim
Cada
um com sua rota no seu viver
Amigos
do Paraíso
Das
histórias de Tomar
Que
com o coração e um sorriso
Marcamos
presença para as recordar.
E
hoje o conhecimento se veste
Para
todos bem receber
Ouvimos
o grande mestre
Com
o melhor do seu saber.
João Amendoeira, in
Café Paraíso.