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8/26/2011

CASTELO DE ALMOUROL - PARTE I

OS SUBTERRÂNEOS E OUTRAS CURIOSIDADES
"Aspectos desconhecidos do Património Templário"


O enigmático Castelo de Almourol, pela sua forma pouco comum e implantação numa ilhota de pedras agrestes, têm-lhe conferido os mais prestigiantes e notáveis epítetos, dos quais, “Castelo de Fantasia”, “Castelo dos Castelos” ou mesmo castelo de "Cortes de Amor", segundo Manuel J. Gandra (conclusão a que chega a partir dos achados e das histórias que povoam o imaginário deste castelo), Almourol será sem dúvida, palco de um cenário envolto em magia, podendo muito bem ser designado, também, por “Castelo Mágico”.

Mágico também é o mundo dos comboios, “personagem” que tem alimentado o imaginário criativo não só do mundo infantil – o de Almourol também, pois não será difícil de imaginar uma fada habitá-lo – mas também dos cineastas, pintores, poetas, escritores e de todos aqueles que inexplicadamente se apaixonam por eles desde que foram inventados.

Almourol em 1858

Não pretende este artigo abordar o Castelo de Almourol nos seus aspectos amplamente divulgados, mas sim, e de acordo com título, dar a conhecer aspectos menos conhecidos deste emblemático monumento da  Castelologia portuguesa.

Pois bem, retomando o reino de fantasia a que Almourol e os Comboios aludem, e estando já o leitor intrigado quanto à relação entre eles (alem de serem elementos de diferentes histórias românticas e mágicas), pretendemos com o que diremos adiante, não só intrigar, mas deixá-lo boquiaberto, senão mesmo chocado pelo encontro de ambos que se pensou para essa ilha que desafia o poderoso Tejo.

Das pesquisas que efectuamos com o intuito de trazer a este artigo as mais antigas descrições que existissem do Castelo de Almourol, assim como as mais remotas gravuras ou imagens que pudessem ilustrar o castelo antes dos restauros de que foi alvo no século XIX e XX, deparámo-nos com uma insólita ideia que não chegou a concretizar-se. Curiosamente, e viemos a saber posteriormente pela tese “Castelo de Almourol: Monumento e Imaginário”, da Arquitecta Teresa Pinto Furtado, que corresponde esse artigo onde descobrirmos o que de seguida dar-vos-emos a conhecer, à mais antiga descrição pormenorizada que se conhece de Almourol (apresentaremos na segunda parte descrições mais antigas mas menos descritivas quanto aos aspectos arquitectónicos).

Conta-nos Conde de Melo - autor do artigo a que nos referimos - a determinada altura da sua descrição do Castelo de Almourol, que existiu a ideia de fazer passar a linha de comboio que hoje passa paralelamente à ilha, pela própria ilha, ideia decorrente da posição que esta ocupa no meio do Tejo, permitindo assentar-lhe um dos pilares de suporte à linha férrea que se encaminharia para Santarém. As preocupações expostas pelo Conde não são para menos, e se os Castelos – e em particular este – e os comboios são criadores de imaginários fantásticos, teria a sua junção criado um dos mais medonhos e ignóbeis cenários que se possa imaginar nos dias de hoje.

Gravura desenhada pelo Paulo Peixoto (Voltron)

Aproveitamos a descrição que recolhemos no “Archivo Picttoresco” do ano de 1858 que por sua vez aproveita a que foi publicada no “Jornal das Bellas Artes”, para dar a conhecer então esse inimaginável projecto:


E após a descrição do estado em que se encontra o Castelo de Almourol na altura, tece considerações sobre o caminho-de-ferro que por ali poderia vir atravessar o Tejo:

A preservação do património castrejo ao longo da história até à relativamente poucos séculos não foi uma preocupação dominante, e certamente não chocaria a Gualdim Paes, caso pudesse ver hoje o estado das coisas, parte dos seus castelos terem desaparecido ou sido bastante adulterados, mas o cenário que o Conde nos desenha, seria possivelmente o que de mais surreal se poderia apresentar a seus olhos.

O artigo aqui dado à estampa faz-se ilustrar por uma imagem a preto e branco do castelo em 1830 (julga-se), porventura a terceira mais antiga que conhecemos, e estando a mesma disponível na Biblioteca Nacional optámos por usar a original para fechar esta primeira parte do capítulo dedicado a Almourol. (iremos publicar as outras mais antigas na segunda parte).


Se os castelos e o comboios podem ser objectos de sedução de um universo imaginário, os subterrâneos da imaginária medieval não são de somenos atração. Será esse tema, alvo de atenção na segunda parte, onde também o “diabo” não faltará a ilustrar esse Castelo Mágico.

8/25/2011

DESCOBERTA DO ALAMBOR DO CASTELO EM TOMAR

Alambor do Castelo Templário de Tomar - Pequenos reparos

A recente descoberta de elementos arqueológicos no Convento de Cristo em Tomar levou-nos a escrever este pequeno artigo, não só para os enquadrar – e lembramos que somos simples amadores nestas coisas – mas também para divulgar as imagens que têm circulado na internet. De certo que a seu tempo irão surgir novidades quanto à descoberta por quem de direito e de autoridade nestas matérias.


A descoberta (e destruição de parte) decorre das obras de alargamento e adaptação da estrada que dá acesso ao Convento de Cristo, precisamente na curva à direita de quem sobe antes de chegar ao parque de estacionamento, também conhecido como Terreiro D. Gualdim Paes ou Cerrado dos Cães.


Estamos em crer que fosse presumível a existência de vestígios do antigo alambor, debaixo do aterro que existe nesse lugar, se tivermos em atenção a sua existência nas imediações. Todavia, e pelo facto de estar esse local afastado alguns metros da torre (na esquina da fachada e na qual teria assentado uma antiga torre), não fizesse adivinhar existir no local o que se veio a revelar, não obstante ser do conhecimento geral o alambor actualmente existente se prolongar das muralhas por alguns metros consideráveis.

Nas imediações do local existe, tal como se pode ver nas fotos publicadas pelo http://tomaradianteira.blogspot.com/ pedras emparelhadas, mas que nitidamente nos parecem ser apenas de um muro de contenção de terra, pedras essas que podem ser já um aproveitamento de alambor anteriormente desmantelado, ao contrário do que se descobriu e, comprova-se, pelas diferentes inclinações verificáveis entre ambos os “muros”. Poderá dar-se o caso de estarmos em presença de uma espécie de sapata de suporte da antiga muralha mas caberá aos especialistas estabelecer a sua verdadeira função. A nosso ver, e comparando com o que apontam como sendo alambor, as semelhanças são por demais evidentes o que deve permitir certificar estarmos na presença de antigo alambor.


Imagens provenientes do blog citado e da autoria de António Francisco Rebelo 
ao qual agradecemos a divulgação do achado

Uma parte significativa do primitivo castelo templário ao longo dos séculos sofreu algumas alterações, das quais a ala norte, totalmente destruída em consequência das novas edificações que nesse local se ergueram, já tardiamente, não permite estabelecer com segurança a configuração que apresentaria, ao contrário da ala sul do castelo que parece estar ainda de acordo com a traça de tempos coevos da sua fundação.

Gravura do séc. XVII – Local da descoberta do alambor

Apesar da ala norte ter sido totalmente arrasada, restam hoje, apesar dessa destruição, vestígios de uma possível torre que terá ficado coberta (e meia soterrada) pela nova construção, já do período Filipino, no cotovelo nordeste do castelo, ainda hoje passível de ser vista. (não publicamos fotografia do interior por não termos  pedido autorização, pelo que nos limitamos a publicar foto já colocada na internet relativa a um dos nossos evento no qual a visitámos)

 


No entanto, e à falta de outros vestígios materiais, podemos socorrer-nos de documentação que dêem noticias do que possa ter existido nessa ala norte antes das demolições e reconstruções levadas a cabo. Pela celeridade que este artigo impõe, não temos tempo de apresentar os documentos originais, mas aproveitamos o que Viera Guimarães escreve na sua obra “Ordem de Cristo”, para ficarmos a saber da existência de mais uma torre na proximidade da torre já referida.

O local referido pelo Vieira Guimarães é do da actual
 portaria Filipina e não da torre da foto anterior

Portanto, com base no que apresentamos, e dentro de uma perspectiva lógica foram traçadas várias hipóteses conjunturais para essa zona norte, das quais a mais recente de que temos conhecimento é apresentada por Nuno Villamariz na obra “Castelos Templários” editada pela Ésquilo, não primando por qualquer evolução configurativa em relação à que Lacerda Machado havia feito em 1939, mas assentando agora em plantas mais rigorosas do que as que existiam na altura.

 Nuno Villamariz na obra “Castelos Templários” editada pela Ésquilo

Pois bem, e se até agora temos falado em traçados conjunturais e possibilidades que não têm elementos arqueológicos que sustem ou comprovem as ideias que se têm desenhado, existe agora a possibilidade de aprimorar o conhecimento que existe quanto à forma que a muralha assumia nessa ala norte, onde porventura existira a designada porta da traição, caso se avance com verdadeiras escavações arqueológicas, nem que seja como forma de compensar o que se perdeu com a sua descoberta.

Não somos especialistas no tema, mas pelo o que nos foi permitido ver “in loco”, quer pessoalmente por um dos membros o Cethomar, quer pelo levantamento fotográfico que se veio a conhecer, ficamos com a ideia que possa se ter descoberto eventualmente o suposto alambor que se adivinhava também para essa zona, à semelhança do que existe a circundar as restantes muralhas, não obstante também ser conjuntural o alambor que se pensa ter existido a ocidente da Charola.

Todavia, e como já frisamos, foi o castelo sujeito a constantes alterações e reparações, não sendo de confiar que o alambor que hoje conhecemos seja de facto obra original, talvez reconstrução do que sem dúvida terá sido implementado no castelo de Tomar como inovação militar oriundo de um saber acumulado pelos Templários, nomeadamente por Gualdim Paes, quando das sua estadia na Terra Santa.

Gostaríamos de ter aproveitado este momento para dar a conhecer mais sobre a arquitectura militar, nomeadamente outros exemplos da aplicação do alambor em outros castelos, assim como, poder debruçarmo-nos um pouco mais sobre as plantas conjunturais que até hoje foram feitas e argumentos que as sustentaram, mas escasso é o tempo para que mais nos alonguemos.

Terminaremos então com um pequeno reparo ao alambor actualmente existente, o qual pode não ser de facto alambor primitivo, facilmente verificável pelas fotos que registam as obras de restauro das muralhas e do próprio alambor. Se é certo Gualdim Paes ter dotado este baluarte com alambor, só nos resta então pensar que ao longo da história tentou-se o preservar, não obstante não se verificar na gravura do Baldi de 1669 que apresentámos, podendo no entanto ser um mero detalhe que não tenha tido lugar de representação ou até eventualmente estar escondido por debaixo de aterro e vegetação, a qual como todos sabemos, insiste em o cobrir como se de uma manta de tratasse.



 Reconstrução do Alambor

 Troço de muralha novo e alambor coberto de vegetação – ano de 1887


Especial agradecimento ao Cetarquivo e ao seu coordenador Sérgio Tavares pela prontidão com que respondeu ao apelo de fazer este post para publicação ainda no noite em que surgiu a ideia.

CASTELO DE ALMOUROL

OS SUBTERRÂNEOS E OUTRAS CURIOSIDADES




Estava previsto para o dia de hoje a publicação deste artigo, todavia, a descoberta, e pelo que vemos pelas fotos, a destruição de parte do que se descobriu, levou-nos à ultima da hora a escrever um pequeno artigo dedicado ao tema, ficando aqui um pedido de desculpas aos nossos leitores por eventuais erros que possam ter passado despercebidos nesse artigo feito em tempo recorde. Surgiu a ideia às onze da noite e pela uma da manhã já o Cetarquivo tinha disponibilizado imagens e informações convenientes à elaboração do texto que de seguida se apresenta, pelo que fica aqui um especial agradecimento ao Sérgio Tavares pela celeridade com que respondeu ao apelo.  Esperamos ainda antes da próxima quinta-feira publicar o artigo previsto.

8/19/2011

SIGNUM SALOMONIS de J. Leite de Vasconcelos

inserido no "Arqueólogo Português" de 1918 | Apresentação Cethomar


(…) Branco de Castro, reclinado sobre a cama, no seu pequeno quarto de estudante, recitava vocábulos, conjugava verbos, declinava nomes; e eu sentado numa cadeira ao pé, ia apontando fervoroso tudo o que lhe ouvia, e que para mim era como aquelas maças de ouro que, segundo um conto popular bem conhecido, saíam da boca de uma virgem bem fadada (…). Ao contrário de Orfeu, que ao som da sua lira arrastava os penhascos e fazia para os rios, aqui a musica cedia ao encanto da língua de (…). Isto constituía de facto uma novidade para os estudantes que não sabiam que em Portugal se falava uma outra língua além do português de Bernardes e Garrett. O mais encantado, porém, era eu. Com certeza não se escutavam com maior atenção os oráculos de Apolo em Delfos ou os de Zeus em Dodona, do que as palavras que o meu Branco de Castro proferia, sereno e resignado, diante de mim.
- Isto é uma gíria de pastores, uma fala de charra, não tem regras, nem normas!
Mas, quando eu lhe mostrava que as correspondências (dessa língua) com o latim eram certas, que a conjugação seguia com a ordem, ele pasmava e admirava-se que entre os cabanhaes de Genízios, e em meio dos hortos de Ifánez, se pudesse ter feito coisa tão regular como era a língua que velhos cabreiros lhe haviam ensinado em pequeno (…) esta deserdada e perdida filha do latim. (…) "

Obviamente, a linguagem em causa é o Mirandês, a qual foi reconhecida na década de noventa do século passado como a nossa segunda língua oficial, tendo a sua apresentação num concurso promovido pela Société des Langues Romanes em França, ganho o único prémio pecuniário atribuído no ano de 1833 pelo resultado alcançado pelo surpreendente opúsculo que J. Leite de Vasconcelos enviou apenas com a intenção de ver o nosso país representado.

Estudos de Filologia Mirandesa de J. Leite Vasconcelos 

Este episódio é representativo da importância da obra que J. Leite de Vasconcelos produziu ao longo da sua vida e ilustra bem a ideia que constituiu o Leitmotiv que o guiou nos diversos caminhos que trilhou tentando demonstrar que ao contrário do que Alexandre Herculano dissertava quanto às origens da nacionalidade do homem português, – que não podia entroncar nos lusitanos mas coincidia com o inicio da nacionalidade – o português descendia de povos anteriores e a eles se achava “vinculado por laços de toda a ordem”.

Esconde-se nos costumes e tradições populares a memória ancestral que permite traçar também a história de Portugal, aquela história que aos olhos de muitos não passava de ruralismos e cultura arcaica degenerada que pouco tinha para contribuir para a construção da história da nossa nação. Todavia, Leite de Vasconcelos demonstra o contrário, e regista meticulosamente aspectos de uma realidade esquecida na historiografia oficial que se vinham impondo e olvidando a história viva que ainda pulsava no português que se exprimia sob uma linguagem de cabreiros ou naqueles que semeavam os campos.

Pergunta agora o leitor o porquê destas palavras iniciais e de que modo se interligam com os temas que por norma tratamos relacionados com Tomar.

Pois bem, J. Leite Vasconcelos é autor de dois artigos sobre o Signum Salomonis (pentalfa, pentagrama, hexagrama), porventura o maior publicado na nossa língua até aos dias de hoje, e no qual faz o levantamento de centenas desses símbolos disseminados pelo nosso território, e não limita esse registo apenas à arquitectura e à arte, mas a todos os veículos que o expressam, e que tanto pode ser, de facto a arquitectura religiosa, como uma canga para o cachaço dos bois.



E mesmo assim poderá subsistir no leitor menos atento ao património de Tomar dúvidas quanto ao motivo para apresentar tal trabalho: a fachada principal da igreja de Santa Maria do Olival apresenta ostensivamente um pentagrama! Pentagrama esse ao qual Leite Vasconcelos confere alguma atenção, não deixando de o reproduzir no seu artigo – diga-se, de uma forma tosca(na).

Algumas dos pentagramas do artigo "Signum Salomonis"
onde se vê o pentagrama da igreja de Santa Maria dos Olivais em Tomar
  
Pelo contributo da obra de Leite Vasconcelos para com a história da “consciência” portuguesa, à qual talvez se possa atribuir o mesmo valor que à "História de Portugal" de Herculano para conhecimento da nossa herança cultural e histórica, fomos tentados a fazer uma apresentação do homem e da sua obra, mas tal tarefa seria ingrata para com o próprio, até porque dificilmente conseguiríamos expressar essa homenagem como o fez o seu amigo Viegas Guerreiro, continuador da obra do mestre e responsável pela publicação dos restantes volumes da Etnografia Portuguesa – Vasconcelos em vida só viu quatro prontos e três publicados – coligindo-os a partir de elementos deixados por Vasconcelos, o qual, à beira da morte em 1941 adivinhava ainda mais quinze anos de trabalho para a sua conclusão – o último volume só foi publicado em 1989.



"Etnografia Portuguesa" de J. Leite de Vasconcelos

As palavras de Viegas Guerreiro fazem justiça à sua memória como poucas outras que se conheçam, e não será por demais, dizer que são de tal ordem comoventes que muito nos emociona as podermos dar a conhecer na íntegra.

E já que temos no nosso Cetarquivo, alem deste artigo de difícil acesso – mesmo tendo sido reeditado na segunda edição da Revista Lusitana pelo próprio Viegas Guerreiro já em idade avançada – ter também digitalizado o de Orlando Ribeiro, porque não o incluir também? Não fica este artigo de Orlando Ribeiro atrás do texto de Viegas Guerreiro no que respeita à memória da vida de Vasconcelos. Trata-se de dois artigos publicados em 1942 e 1958, logo após a morte do Mestre, e reeditado em 1960 com “pequenas leves alterações” para a inclusão no “Livro do Centenário de José Leite de Vasconcelos”. Esta nossa inclusão reproduz a de 1960 inserida na Revista Lusitana e compreende 34 páginas.


Final do texto de Viegas Guerreiro

Em cima: Orlando nos Açores e ainda jovem com Leite de Vasconcelos
Em baixo: Jose Leite de Vasconcelos e Orlando Ribeiro ainda jovem

Para terminar, e voltando ao motivo desta nossa iniciativa em parceria com o Cetarquivo, resta dizer que é intenção do Cethomar publicar um ensaio sobre o pentagrama incluso na fachada da igreja de Santa Maria do Olival, tendo-se socorrido dos dois textos agora apresentados – e não só – para a sua realização, e tendo noção da importância desta obra, pouco divulgada apesar de acessível no arquivo do Arqueólogo Português na internet, achamos por bem promover a sua acessibilidade a todos aqueles que se interessem pelo tema adicionando-lhe os textos já referidos.


 Conteúdo do pdf:

 APRESENTAÇÃO
por Cethomar

NOTAS PARA UMA BIOGRAFIA
 do Doutor J. Leite de Vasconcelos
por Viegas Guerreiro | 26 pág.

VIDA E OBRA
de J. Leite de Vasconcelos
por Orlando Ribeiro | 34 páginas

SIGNUM SALOMONIS
 de J. Leite de Vasconcelos | 113 páginas

ADITAMENTOS AO SIGNUM SALOMONIS
 de J. Leite de Vasconcelos | 4 páginas

Quem desejar aceder apenas ao artigo do Signum Salomonis pode fazê-lo de imediato pela hiperligação existente no texto acima publicado, o qual conduz directamente para o local do arquivo do Museu Nacional de Arqueologia onde se encontra o artigo. Quem desejar por completo o conteúdo do pdf apresentado deverá enviar-nos o email para o qual devermos o remeter.

 Dois pentagramas de duas igrejas e ao meio o pentagrama da Igreja de Santa Maria dos Olivais em Tomar

8/18/2011

CETHOMAR – INFORMATIVO N.º 3

"SIGNUM SALOMONIS" |  “ASPECTOS DESCONHECIDOS DO PATRIMÓNIO TEMPLÁRIO”

Esta semana decidimos dar a conhecer uma das obras que consultámos no âmbito das pesquisas que temos vindo a desenvolver para o futuro artigo dedicado ao pentagrama inserido na fachada principal da Igreja de Santa Maria do Olival, assim como algumas das imagens que irão ser abordadas ao longo do artigo.


Informamos que continuamos à volta do artigo “A Torre de Punhete”, o qual, pelos temas que irá açambarcar levou-nos a autonomizar cada um deles, produzindo assim vários artigos que irão ser publicados sobre o título “ASPECTOS DESCONHECIDOS DO PATRIMÓNIO TEMPLÁRIO” na Comarca de Tomar e em linhas gerais os artigos serão dedicados a: Punhete, aos Castelos do Zêzere (em Payo de Pelle), a Almourol e à Quinta da Cardiga.  

Imagem de meados do séc. XVIII do arquivo da Quinta da Cardiga
 Imagens actuais tiradas pelo Cethomar


Nota de rodapé: Esperamos ainda no decorrer do dia de hoje publicar a apresentação do "Pentalfa - Signum Salomonis", não o fazendo agora pela hora avançada da noite e ser uma artigo com várias imagens para carregar e alinhar. As nossas desculpas.

8/11/2011

CRUZ TEMPLÁRIA DA SÉ PATRIARCAL DE LISBOA E DA IGREJA DE SANTA MARIA DOS OLIVAIS EM TOMAR

excertos do artigo “A Marca de Gualdim Pais
subtítulo “Pedras que falam duas Línguas”

(…) Não sendo possível concluir se Gualdim Pais era uma presença assídua, podemos verificar – como já demonstrámos no quinto capítulo – no "corpus medieval", que descreve os milagres atribuídos a São Vicente, ter este presenciado e intervido num dos episódios miraculosos ocorridos na Sé Patriarcal de Lisboa, tendo deixado uma marca da sua passagem por este local. Referimo-nos precisamente à marca a que alude o título deste nosso artigo: uma cruz da sua Ordem gravada na torre sul virada a nascente. A mesma torre onde se encontra a cruz que Santo António inscreveu na pedra para afugentar o demónio que o perseguia. (…)

Cruz da Ordem do Templo na Torre sul da Sé Patriarcal
de Lisboa atribuída a Gualdim Pais

(…) esteve durante séculos escondida conforme se comprova pelas antigas gravuras do local e pela foto que dá testemunho da sua (re)descoberta, encontrando-se a explicação para a sua localização nos restantes elementos que se descobriram junto a esta cruz templária, assim como um sentido provável para a sua existência (…)

gravuras e fotos apenas a publicar no artigo

(…) as cruzes templárias que encontramos na igreja de Santa Maria do Olival em Tomar limitam-se a inscrições em lápides sepulcrais, todavia, tal não corresponde à verdade. Também em Santa Maria encontramos semelhante cruz e tal como na Sé Patriarcal de Lisboa, não está inscrita em túmulo algum mas sim numa importante parede da dita igreja. É possível nesta cruz verificar o ponto onde se assentou o compasso para a sua construção, demonstrando tanto como na cruz da Sé que estas simples cruzes não eram feitas por decalque ou sem qualquer tipo de rigor, e se hoje tal não se evidência, é devido ao desgaste das eras que ocorreram até aos dias de hoje. (…)

Cruz da Ordem do Templo inscrita na Igreja de Santa Maria dos Olivais
A única cruz templária desta igreja que não é de um túmulo

(…) Não temos dúvidas do valor desta, no entanto, a pedra logo abaixo, como que a suportá-la, e que inspirou o título deste capítulo, é sem dúvida de importância maior (…)
gravuras e fotos apenas a publicar no artigo

Nota: Texto sem revisão

CETHOMAR – INFORMATIVO N.º 2

NOVIDADES DO ARTIGO “TORRE DE PUNHETE”

Temos vindo à uns meses para cá a publicar todas as quintas-feiras, todavia não tem sido fácil garantir todas as semanas a apresentação de artigos, sob pena de deixarmos de conseguir manter a filosofia editorial que ao longo destes anos nos tem orientado. As pesquisas necessitam de tempo e não se coadunam com a pressão de publicação semanal. Iremos tentar manter o ritmo, contudo, algumas dessas publicações não serão autênticos artigos, ou pelo menos, aqueles que costumamos dar a conhecer.

Esta semana, visto ser prematuro publicar algum desses artigos que estão para serem colocados ao vivo, optámos simplesmente por apresentar uns excertos do artigo “A Marca de Gualdim Pais” que irá ser publicado na íntegra no fim do ano.

Informamos que o artigo “A Torre de Punhete” está avançar rapidamente e esperamos muito brevemente dar continuação ao que já foi publicado. Este fim de semana fizemos (os cinco magníficos) uma incursão na zona, tendo conseguido recolher fotos das antigas muralhas do Castelo de Ozêzere (existiram no local pelo menos quatro “castelos” – reconstruções), fotos da antiga muralha que suportava a Torre de Punhete, a qual talvez venha a ser classificada como monumento de interesse nacional, fotos do local preciso onde iria desembocar um dos dois túneis do Castelo de Almourol e ainda novidades do sítio da Cardiga, entre outras recolhas das quais iremos dar total conhecimento ao longo do post.

Devido a amplitude de temas que o post referido está a querer tratar, se bem que profundamente apenas será a matéria relativa a Constância, talvez venhamos a fazer uma alteração ao título mantendo-se este por agora até conclusão do artigo.

Para a semana seguinte, caso não exista ainda artigo(s) a publicar, iremos dar a conhecer o testemunho dos Freis Conventuais do Convento de Cristo relativamente a uma misteriosa personagem que por ali passou em 1632, episódio que não poderiam ter deixado de registar por escrito.

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Quinta da Cardiga – Torre Templária ao centro

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Notável Vila de Constância ( a vila pirâmide) – Antiga Torre do designado “Castelo Gótico”
Vista a partir do Castelo de Ozêzere

8/04/2011

TORRE DE PUNHETE - parte I

NOTÁVEL VILA DE CONSTÂNCIA
AUTORIA: CETHOMAR


1. SAUDADE DE PUNHETE
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“Saudade é a mágoa de já não se gozar o que em tempo se gozou; é o desejo veemente mas resignado de volver a disfrutar de um bem, que nos era gratíssimo; é também o anseio por ver, por estar na companhia de alguém de quem a custo nos apartámos” são palavras de Gonçalves Viana referindo-se a esse sentimento que, segundo se diz, reflecte o que de mais genuíno existe na alma portuguesa, e mesmo existindo semelhante sentimento noutros que não só nos portugueses, “entre nós saudades, nome que a língua espanhola não tem nem os latinos, declarando uns e outros saudades por este nome deseos e desiderium: ficando nisto a língua portuguesa de vantagem, pois para uma cousa tem esta palavra desejos e saudade para a outra” segundo Isidoro de Barreira, frade do Convento de Cristo no séc. XVII no “Tratado das Significações das Plantas…” já por nós apresentado.

Talvez seja esse misterioso vocábulo que melhor define e encerra o sentimento que os autores deste blog nutrem pelas antigualhas do passado e das quais deixaram de poder desfrutar, a vontade inexplicável de as reviver, e se a “saudade é a lembrança da Pátria com o desejo de regresso”, é a nossa pátria, se não mesmo religião, a memória do passado que se enraíza no património que ainda podemos conhecer, seja ele ainda presente, seja ele uma simples gravura que resistiu às vicissitudes do tempo ou tão somente uma lenda. E se em termos concretos a saudade é a consciência da perda daquilo que queríamos presente, por via da lembrança e da história, tomamos consciência desse passado, e desse modo podemos voltar a vivenciar do que fomos apartados.

Camões confere à “saudade” uma dimensão cósmica, Frei Agostinho da Cruz canta a “divina saudade”, tornando-a transcendente, e em Teixeira de Pascoais atingimos às mais altas, complexas e profundas interpretações metafísicas da saudade a ponto de a transformar numa verdadeira religião – o saudosismo ou filosofia da saudade – porventura a única e original “igreja” verdadeiramente nacional onde as grandes figuras do papado foram os maiores poetas da nossa história, e ainda, se para Pascoais na saudade existe a ideia de lembrança do regresso que a alma sente pelo “Paraíso Perdido”, sentimos nós, esperança, porque saudade é não só memória nostálgica e vontade de regresso mas também esperança por esse passado. “Saudade do futuro” como diria Fernando Pessoa, pois nessa saudade do que há-de vir também se funde memória do que já foi.

Platão ensina-nos que “saber é recordar”, e de acordo como essa máxima, da simples ideia de publicar umas fotos e gravuras de Constância – estamos em férias não existe tempo para mais - rapidamente fomos incitados a saber mais sobre as imagens dessa vila que tanto nos tinham impressionado.

Este longo discurso filosófico parte de uma foto que dá a conhecer umas simples empenas de uma antiga construção que existia no cabo da vila de Punhete - actualmente Constância - e que designavam como Torre, tendo despoletado em nós sentimento para o qual só encontrámos uma forma de o exprimir: Saudade.

Pensámos publicar todas as fotos e gravuras que conhecíamos dessa torre de Punhete e assim resolver o tempo de férias, por forma a não deixar o leitor sem novidades no blog, mas à semelhança do que sempre nos tem acontecido quando queremos apenas fazer uma pequena divulgação, fomos catapultados para um post de maior envergadura com informações que inevitavelmente achámos por bem incluir com a publicação das imagens, até porque se trata de matéria pouco acessível.


2. AGRADECIMENTOS

Antes de começar-mos a “matar saudades” de Punhete queremos exprimir aqui a nossa eterna gratidão ao Exmo. José Varzeano, o qual enviou-nos, mesmo sem um pedido expresso da nossa parte nesse sentido, o livro “Descripção da Villa de Punhete” do ano de 1830 pelo P.e Veríssimo José de Oliveira, o qual nem na Biblioteca Nacional encontramos, e que em muito contribuiu para o enriquecimento deste nosso artigo, e obviamente, pacificou o sentimento com que ficaríamos se não o tivéssemos consultado, ficando-nos assombrar a ideia de que não teríamos cumprido com os objectivos de pesquisa: Punhete, Constância e todos os que a amam mereciam este nosso esforço.

A nossa primeira aproximação a este livro e interesse pela sua consulta parte de um excerto que tivemos acesso no âmbito da pesquisa que se vinha fazendo. Diz-nos que junto à foz do Zêzere assentava um antigo castelo gótico e que após a sua conquista em 1150 teria sido reconstruído por “D. Miguel Pais, mestre da Ordem do Templo em Portugalem 1152.

Um agradecimento especial ao caríssimo amigo por nos ter permitido investigar esta informação na fonte original donde terá sido extraída.

Parte II

TORRE DE PUNHETE – parte II

Notável Vila de Constância 
Autoria: Cethomar

3. TORRE DE PUNHETE 
    (Vila de Constância)



Foto publicada na Investigação da Casa dos Arcos | trecho da “Descrição da Villa de Punhete”
de 1830 pelo Padre Veríssimo José de Oliveira

Uma das imagens mais pitorescas de Punhete de outros tempos é a da Torre junto ao rio que ainda era visível no início do século XX, e prova disso são as diversas gravuras que nos ficaram desses tempos, tal devia ser a beleza das suas ruínas que não deixariam de criar algum tipo de impressão sentimental nos pintores que por aqui passavam.


Todavia, todas as fotos e gravuras conhecidas da Torre dão-nos sempre a conhecê-la já em ruínas. Nenhuma das imagens é anterior ao século XIX, mas se consultarmos as memórias paróquias de 1758 verificamos já nessa altura esse nobilíssimo palácio chamado da Torre, fabricado entre os dois mencionados Rios, o qual hoje se acha arruinado, mas nos vestígios se deixa conhecer muito bem a sua magnificência”

Originais das “Memórias Paroquias de 1758” da vila de Punhete

Não haja dúvida de que a torre, que devia fazer parte de um palácio, não obstante também ser designada como castelo, é antiquíssima, e nisso concordamos com o Padre Veríssimo José de Oliveira que lhe atribui vetustez sem contudo dizer a que data deve remontar essa construção.

Não existem documentos que conheçamos que nos auxiliem na sua cronologia mas após saturadas pesquisas e leituras conseguimos apurar que o palácio - designemo-lo assim invés de simplesmente torre - foi reconstruído em 1529, o que nos leva a concluir existir no local um edifício anterior e que possivelmente pode entroncar em datas tão recuadas como a nossa nacionalidade ou anterior se pensarmos ser um local privilegiado, quer para controle do rio Tejo, quer como entreposto comercial onde o rio Zêzere, navegável, desaguava.

Não é nossa intenção tentar uma cronologia para o palácio, até porque reconhecemos as nossas incompetências para tal empresa, mas à semelhança do que vem acontecendo com os outros nossos artigos, onde divulgamos matéria pouco conhecida ou damos a conhecer novas ideias ou factos, pretendemos deixar aqui um contributo para essa tentativa, e para isso, iremos fazer uma analogia entre a torre de Punhete – apenas da torre – e um detalhe de um outro monumento de Tomar, a partir do qual podemos possivelmente fixar uma data e o seu arquitecto.

Este artigo ainda não se encontra totalmente acabado na sua forma escrita, nem este capítulo, mas iremos publicando à medida que se for escrevendo, e visto os temas que iremos abordar já estarem fixados e investigados deixamos aqui alguns dos tópicos apesar de não estarem ordenados com a sequência de publicação que iremos seguir:

Torre de Punhete | De Punhete a Constância: etimologia e mudança de nome | De Tomar a Punhete: da navegabilidade | Subterrâneos e Grutas | Castelo Templário de Payo de Pello: doação a Gualdim Pais, gravuras e vestígios actuais | Fotos antigas da Torre | Ponte de Barcas | Descrição da Villa de Punhete em 1830 do Padre Veríssimo José de Oliveira: apresentação do seu conteúdo | Cardiga: Castelo Templário | e tudo o mais que possa vir a surgir entretanto.

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INFORMATIVO

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Resposta aos email que nos questionam sobre alguns dos trabalhos dos quais já publicámos capa e apresentação:

Informamos que o artigo "A Milícia dos Construtores de Tomar: Os Patos Bravos"  já nos foi entregue pelo Pedro Vieira todavia ficámos nós de o ilustrar e ainda não tivemos tempo de capturar a totalidade das fotos referentes aos prédios que irão integrar o trabalho.
O artigo Quinta do Conventinho: História Lenda e Mistériodo Paulo Andrade foi-nos entregue somente a semana passada pelo que ainda não tivemos tempo de o preparar para publicação, até porque da sua leitura surgiram novos factos que irão ser incluídos no trabalho.
O Túmulo do Convento de Cristo do Paulo Peixoto estava previsto para publicação esta noite, todavia teve que ser adiado para muito brevemente, tendo-se avançado com o post “A Torre de Punhete” previsto para Outubro.
O trabalho do Hugo Martins "As Raízes do Rei Venturoso: Alcochete - Nascimento, História e Património", por motivos profissionais, ainda não nos foi entregue para publicação mas segundo o mesmo deveremos o ter a meio de Setembro.
O artigo A Marca de Gualdim Pais, como já havíamos dito está previsto para publicação ininterrupta durante os meses de Novembro e Dezembro.




TORRE DE PUNHETE–parte III

NOTÁVEL VILA DE CONSTÂNCIA
AUTORIA:  CETHOMAR

4. DE PUNHETE A CONSTÂNCIA

A actual Vila de Constância, foz do rio Zêzere, antigamente domínio da Ordem do Templo, até ao século XIX teve um nome bastante diferente: Punhete e os seus habitantes eram (ou deviam) ser designados por Punhetenses. A Etimologia dessa antiga designação atribuída à esta notável vila deriva de “Pugna Tagi” significando literalmente “pelega” ou “combate” no Tejo, designando então a “bulha” que estes dois rios travam neste local onde se cruzam, e nisto estão de acordo Gaspar Barreiros na sua Coreografia de 1561, Frei Bernardo de Brito, Paiva de Andrade em 1616 no seu Exame das Antiguidades e Rafael Bluteau em 1712, entre outros, repetindo-o P.e Veríssimo de Oliveira na sua descrição da Vila.

Legenda: Rafael Bluteau (1712-28), Diogo Paiva de Andrade (1616)
 Coreografia Português Sec. XVIII e Padre Veríssimo José de Oliveira em 1830
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O Zêzere, que no século XIV também teve o nome de Dura, engrossava-se com o rio Nabão, o qual era navegável, e chegando a Punhete, onde se lançava no Tejo, em tempos de cheias ouviam-se os “roncos” desse embate do rio Zêzere, “soberbo e medonho” a muitas légua e “tal era o ímpeto das águas (do Zêzere) que na longura de mil e quinhentos metros ainda conservava a sua cor azulada”, segundo Miguel Leitão de Andrade.

Miscelânea de Miguel Leitão de Andrada de 1629
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Portanto, não será de estranhar que os autores citados pensassem que o nome de Punhete fosse uma evocação daquelas “batalhas” e de facto, diversos documentos, atestam a “braveza (do Zêzere) e crescimento de águas” que provocavam frequentemente acidentes junto ao Tejo. O alagamento da vila e sua navegabilidade pelas ruas permite atribuir-lhe seguramente o merecido epíteto de “Veneza do Ribatejo”.

A primeira imagem é da casa de Camões retirada da investigação
da Casa dos Arcos e onde se pode identificar vestígios manuelinos
As restantes três fotos são do arquivo fotográfico de Constância
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Todavia o nome da Vila não era motivo de orgulho dos seus habitantes e, D. Maria em 1836, permite que esta, pelo seu comportamento heróico e tenaz frente ao invasor francês, alterasse o nome para Constância e fosse apelidada de “notável”, título com o qual também Tomar foi agraciado.

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Não terminaremos este capítulo sem fazer uma referência à etimologia do rio que aqui se lança. Segundo Miguel Leitão de Andrada, natural de Pedrógão Grande, o nome de Zêzere provém da árvore “zenzeiro”, espécie de salgueiro, que abunda nas suas ásperas e alcantiladas margens. Todavia, Miguel Leitão de Andrada, também nos dá conta de uma lenda que dava uma origem diversa ao nome, e justificava, simultaneamente, a génese do próprio rio. Socorrendo-se da mitologia romana, descreve como a deusa Vénus, irritada com as constantes lutas na disputa de uma bela princesa, transforma o gigante Zacor, num rio tempestuoso, o Zêzere.

Escreve este autor: "...e o primeiro que fez foi converter o gigante Zacor em rio da mesma sua natureza, soberbo e arrogante, e de verdes e negras ágoas quaes erão as cores do seu rosto, medonhas: e dizem, que porque Zacor era terrível e forte guerreiro, que temperado o ferro nestas suas ágoas, o faz mais duro e cruel". Do nome do colosso de Ozecaro, nome da personagem tempestuosa, deriva Zenzere e desta o actual nome de rio Zêzere.

 
Excerto da lenda | Sobre a águia vê-se o rio a passar pelos penhascos

Em boa verdade, a parte inicial do rio Zêzere não controlado pela barragem, ainda hoje, é bastante desregulado e de caudal muito variável, passando de uma torrente impetuosa e violenta quando alimentado pelas fortes chuvas da montanha e pelo degelo do Inverno, a um sereno rio quase seco na estação contrária.

Parte IV