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11/30/2007

Jantar dia 8 de Dezembro

Amigos.
Como sabem o blog faz anos e teremos todo o gosto de reunir novamente os nossos amigos, colaboradores e leitores, para mais um jantar convivio nesta bonita cidade de Thomar.

O ponto de encontro vai ser junto à estatua do D. Gualdim Pais, pelas 18h. Ás 20h iremos para o Restaurante o Tabuleiro onde vai ser realizado o jantar.

Aproveito também para adiantar que temos algumas ideias, para as quais gostariamos de ouvir a opinião de todos, para que o proximo ano, seja ainda mais rechiado de surpresas e desmistificações.

Se qiserem confirmar a vossa ida ou saber mais informações, enviem um mail para o_cruzado@hotmail.com

Abraços.
Até la.

11/23/2007

Santa Iria VIII – A Padroeira de Thomar


“Santa Iria

(Que floresceu em Nabância no século VII)

Num rio virginal de águas claras e mansas,
Pequenino baixel, a Santa vai Boiando.
Pouco a pouco, dilui-se o oiro das suas tranças
E, diluído, vê-se as águas aloirando.

Circunda-a um peslendor de verdes Esperanças.
Unge-lhe a fronte o luar (os Santos Óleos) brando,
E, com a Graça etérea e meiga das crianças,
Formosa Iria vai boiando, vai boiando…

Os cravos e os jasmins abrem-se à luz da Lua,
E, ao verem-na passar, fantástica barquinha,
Murmuram-se entre si:«É um mármore que flutua!»

Ela entr, enfim, no Oceano… E escuta-se, ao luar,
A mãe do Pescador, rezando a ladainha
Pelos que andam, Senhor! Sobre as águas do Mar…”

Leça, 1885, António Nobre

FIM

Santa Iria VII – O Convento


Este Convento de Freiras beneditinas, situado a noroeste, junto ao rio de Thomar foi fundado em 640, juntamente com o Convento de Santa Maria dos Olivais (também este beneditino) por S. Frutuoso, Arcebispo de Braga.

Sabemos que, por descobertas arqueológicas, que os dois conventos, já seriam locais de culto anteriormente, tal como a Igreja paroquial da altura, a de S. Pedro Félix.

O Convento, na altura, tinha uma cerca com o rio, e nas suas margens teria chorões, choupos e salgueiros; tinham também um terreno, onde eram cultivados os alimentos, que abastecia o convento.

No entanto quando a fundação da villa de Thomar por Gualdim Pais, apenas restavam ruínas mudas de toda a margem esquerda do grande rio de Thomar.

No local de tão sagrado culto, existiu uma confraria de Santa Iria, antes de 1336, quando Martim domingos, morador da Portela de S. Pedro de Tomar), lhe deixou metade das suas casas nas cortelhas, e que em 1467, se fundou um recolhimento de religiosas por obra de D. Mésia Vaz Queiróz, que levou consigo as suas três filhas, depois da morte do seu marido. Em 1523, por vontade da sua última filha aí recolhida, mandou construir a capela (a capela-mor, e talvez a Igreja), para sua sepultura e dos seus descendentes, conforme a lapide no local.

Em 1531 deu-se um forte abismo e muitas das estruturas desabaram, e foram reedificadas nos anos seguintes. O portal da Igreja é renascentista e está datado de 1536, bem como a janela, onde alguns vêem a mão de João de Castilho.

O século XVI foi muito crítico para a gentes de Thomar e suas terras, pois sofreram vários sismos de grande intensidade, 1531, 1551, 1575, em 1550, ocorreram uma grande cheia que deitou abaixo 6 casas térreas que tinham para despejo do mosteiro, caiu também a cerca de banda do adro e caiu quase toda a cerca da banda do rio.

No ano de 1550 foi fundada a Capela dos Vales, cujo brasão de armas figuram no altar e no frontão sobre o arco da capela.

A totalidade do alçado desde o altar de s. Francisco até aos pés da nave são contemporâneos, tendo sido a parede dilatada em espessura de forma a conter o dito altar, e incluindo nela o portal e a janela que, transladados passaram a fazer parte da nova fachada, acresce a isto a mudança do púlpito levada a cabo em 1610, para o lado norte da nave, junto à entrada, não se poderia ter efectuado sem produzir graves alterações na parede e no portal, pela sobrecarga que representa, assim como nos azulejos, que não apresentou sinais de afectação, pelo que provavelmente tudo terá sido realizado na mesma empreitada, conforme as inscrições na capela mor.

Outro factor a ter em conta para a modificação da volumetria do convento é o factor de que no século XVI o nº de monjas e pessoal auxiliar aumentou de 15/16 para em 1654 80 pessoas. Nesta altura o convento teve várias ajudas de reis e papas.

Outro ponto a destacar também é o facto de Felipe II em 1616 fundou um Convento de Carmelitas descalços em Thomar. Nessa altura Thomar tinha uma enorme quantidade de capelas, ermidas e Igrejas…

Da primitiva construção do mosteiro, terão subsistido entre outro, o lanço final da parede compreendido entre a capela-mor e o altar da capela de S. Francisco, situada no alinhamento da dos vales; se a primitiva cobertura da nave terá sido em abobadada não sabemos, mas o seu uso era corrente nessa época, e a capela mor e a dos vales provam-no, assim como a verga da porta de acesso à sacristia, de recorte gótico-manuelino, traduz o refinamento do pormenor decorativo.

Em 1615 constituía o prédio do convento e a sua cerca, a propriedade que partia do norte com a Rua Larga de S. Braz, a poente com o Rio de Thomar, a sul com a horta de El-Rey e a propriedade da comenda de Cem Soldos, e a nascente com caminho publico para Santa Maria dos Olivais. A nascente incluía também outra morada com o seu quintal que pegava com as outras casas através do “Arco das Freiras”.

No convento o claustro é só de um andar, cujos lados são arcarias de volta redonda, levantadas em simples e baixas colunas toscanas. Era neste claustro a entrada para o célebre pego, lugar de veneração que os tempos perpetuaram como tendo sido o do martírio de Santa Iria. Aquando da construção do convento tiveram de cobri-lo com uma abobada, para que não fosse levada pelas cheias. Na parte de cima na esquina da parede do convento foi colocado num nicho, uma imagem da Santa para que todos os que passassem na ponte reconhecessem o sitio do seu martírio.


*Pedra gravada no cunhal do convento de Santa Iria, pensa-se que seje visigoda, faz referência aos bons campos que eram banhados pelos Nabão

Santa Iria VI – O Culto


*Mesmo em Thomar existem outros templos de culto á nossa Padroeira (Casa dos Tectos)


*Em Lisboa (algures na baixa), é de notar a presença na fita da cruz da ordem dos Templários... qual será a ligação?


*Santa Iria com o hábito beneditino.

Como sabem a história desta Santa remota ao longíssimo ano de 653, a 20 de Outubro, dia em que foi assassinada.

O Culto a Santa Iria sobreviveu ao passar dos séculos através do culto moçárabe, que a partir dai a através da conquista muçulmana expandiu-a por toda a Península Ibérica. Em Portugal á duas zonas onde se vê um maior culto contínuo são elas a Estremadura e o Ribatejo, sempre a norte do Tejo e ao Minho e Douro litoral. Dois pequenos núcleos situam-se na Serra da Estrela e no distrito de Vila Real, também há registo de outro caso isolado no Algarve e outro no Baixo Alentejo. Também há presenças de culto no Rio de Janeiro e na Galiza.

Contudo há quem desconfie da veracidade desta lenda… pois são bastantes as santas com o mesmo nome que a nossa Padroeira…: Santa Irene de Tessalónica, Santa Irene de Bizâncio, Santa Irene de Santorini, Santa Irene de Roma.

Existiu em Tomar, uma Confraria de Santa Iria em 1336. Houve dois hospitais de invocação a esta santa, um na Rua dos Moinhos e outro na Rua dos Oleiros e que o Infante D. Henrique incorporou com outros, no Hospital de Santa Maria da Graça.
Como já vimos anteriormente a Feira anual de Santa Iria começou no ano de 1626, tendo sido autorizada por D. Filipe II.

Em 1673, o Principe Regente D. Pedro, determinou que a Procissão de Santa
Iria, como padroeira de Tomar, fosse equiparada, á do Corpo de Deus que era a de mais categoria que se podia celebrar em Tomar.

Há um séculos atrás junto ao pego (cisterna no convento de Santa Iria), faziam as freiras todos os anos, no dia da festividade a Santa Iria, 20 de Outubro, duas solenes procissões: uma depois de cantadas, no coro, as vésperas, e a outra, cantadas as matinas,dirigiam-se todos ali pela meia noite, hora a que supunham ter a santa virgem padecido o seu martírio…

Era costume celebrar-se na igreja de Santa Iria, no dia da sua evocação, uma missa solene após a qual se lançavam á agua, cerca do Pego, flores que iam pelo rio abaixo, lembrado o seu martírio.

Santa Iria tornou-se também padroeira de Thomar, e o dia do seu assassinato foi durante muitos anos feriado municipal.

Foi a partir daí que Scálabis começou se a chamar Sant´Irene que posteriormente mudou para o corrente Santarém.

A padroeira é tão popular nesta região, que a lembravam também através de um provérbio: “Pela Santa Eireia, toma os bois e semeia”.

11/21/2007

Santa Iria V – Contexto histórico-social


A zona de Tomar desde á 4 milénios que é povoada por povos primitivos, aproveitando toda a zona fértil desde o vale do Nabão, (Serra do Sicó), até ao rio Zêzere, toda esta zona está rodeada de castros e vestígios de civilizações antigas, um dos maiores povoados desta zona situa-se a 2 km de Tomar, e tem cerca de 2/3km de área é o povoado da Fonte Quente (ainda há pouco tempo, esteve em escavações devido á abertura de uma estrada.)

Entretanto Tomar torna-se Nabância, que foi fundada primordialmente pelos Túrdulos em 480 a. C. e entre os séculos VI e VII, Sellium foi paróquia sueva e depois visigoda cujo limite vai até ao rio Zêzere fronteira natural que sempre marcou os limites administrativos.

Durante os Sec. V, VI e VII vivia-se um clima rural e as cidades destruídas pelas lutas, não eram reconstruídas, pelo menos, na sua totalidade, preferia-se viver em quintas e é de destacar várias em redor de Tomar.

Na altura do nascimento da Santa praticamente toda a Península Ibérica era governada por visigodos e teriam vários condados e que um deles era o Theodomari, genitivo de Theodomaraus, que corria ao longo do rio que tomou o seu nome, o de Tomar, nessa altura o condado abrangia assim varias freguesias, numa dessas perto de Ourém nascera Santa Iria, por isso nos dias de hoje muitas pessoas consideram que a Santa Iria não nascera em Tomar, mas nessa altura, ainda pertencia.


Também é bom recordarmo-nos que, se os suevos que habitaram recentemente essas terras, foram convertidos ao cristianismo por S. Martinho de Dume, os visigodos só se converteram com Recáredo, em 589 d. C., 64 anos antes do martírio da nossa Padroeira.

Os muçulmanos logo após a invasão da península cerca do ano 711 a. C instalaram-se na região de Tomar, mas poucos vestígios deixaram que tenham influenciado a região excepto os açudes e as rodas do rio.

Quanto ao topónimo que deu nome ao Concelho, pensa-se que na palavra Tâmara, Tamarici ou Tamarus a origem etimológica de Tomar e com o semelhante significado que quer dizer rio ou as suas proximidades.

Continua... (ainda)