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2/05/2009

O MANTO DE SANTA MARIA

NOVA AQUISIÇÃO PARA A IGREJA
Autoria: O blog
Nem só de descobertas vive o blog, mas de invenções também. Desta feita, e após o martírio da Páscoa no ano passado com os pregos nas colunas, da separação da Mãe do Filho pela deslocação do crucifixo do quadro para o altar, é a entrada junto ao pórtico do templo agraciada com um manto de veludo vermelho de grandes dimensões.

Atentos no zelo pela igreja não podíamos deixar de vos dar a conhecer esta nova “invenção” que não censuramos ao contrário das outras para as quais levantámos vozes criticas que chegaram a ter destaque jornalístico.

Não temos informação que nos permita escrever sobre o que levou à colocação desse pano ou cortina na entrada da igreja. Não nos é estranho o acesso às igrejas ser barrado por portas, muitas vezes parte integrante do coro alto, nem por mantos ou cortinas que interditem a visibilidade das igrejas de uma perspectiva exterior.




Contudo esta inovação irá obrigar a uma adaptação do discurso de quem guia os visitantes ao interior da igreja. A saber, é usual à entrada sermos alertados para “a igreja que se esconde como nas entranhas da terra mãe”, uma visão que nos lembra o quanto temos que “descer” no nosso próprio ser para encontrarmos o nosso verdadeiro eu ou promover um encontro epifânico.

O facto de ser uma das poucas igrejas em Portugal onde se desce por intermédio de tantos degraus, vista de fora, provoca a “sensação psíquica de regresso ao útero da terra, às águas genesíacas de Nossa Senhora, para se ir beber o leite espiritual e renovar a alma”. Porém agora será essa suposta sensação interrompida pelo manto. Se essa barreira agora permite barrar o frio que no inverno se possa sentir vindo do exterior, tonando mais confortável ou suportável a participação nos cultos litúrgicos regulares em Santa Maria, subscrevemos tal solução em vez de se fecharem as portas (do céu). Pode tambem encontrar a sua razão de ser em questões relacionadas com a privacidade do culto que não ficaria assim tão exposto aos trauseantes que por ali passem naquela altura.

Visão anterior ainda sem o manto, em que se podia "afundar" o nosso olhar no interior de Santa Maria

Aproveitamos o momento para lembrar o quanto o pórtico é deveras importante no seio do conjunto que constitui uma igreja. Transpor o limiar, passar a porta, encerra um mistério de “passagem”. Apesar de ser um acto tão mecânico quanto o fazer o sinal da cruz, há que parar e dar atenção ao valor de transpor a porta. Dai a sua importância decorativa que é verificada por todos que visitam uma igreja românica ou gótica; a sua excessiva decoração realça o simbolismo que se pretende transmitir ao crente. “Quão venerável é este lugar! Não é ele senão a Casa de Deus e esta a porta do Céu”.

A porta, síntese do todo o templo, onde o arco tal como a absíde representa o mundo celeste e a base rectangular, tal como a nave, o mundo terrestre, é um símbolo cósmico, talvez patente nas esferas que circundam todo o friso do pórtico de Santa Maria, materializando o “ciclo celeste, o movimento do céu, ou seja, a actividade do Verbo no mundo”.

Quando a determinada altura na idade média se optou por colocar uma grande rosásea sob o grande portal, tornando-se em arco triunfal, transformou-se mais ainda numa janua coeli que resplandece o sol divino.

Por conseguinte, a entrada da igreja com o seu tímpano celeste, constitui pela sua simbólica, em conjunto com o altar, o lugar de uma teofania, que não deve ser esquecido pelo crente que nesse momento passa deste mundo para o mundo do “além”, do profano ao sagrado.

No entanto alertamos que a Igreja (ou Templo) de Santa Maria tem vindo nos últimos anos a sofrer algumas degradações, das quais o precário telhado que deixa as águas “divinas” permear o seu interior se apresenta preocupante, quanto as águas “genesíacas” que insistem em brotar do solo no lado norte. Esta água não é novidade dos dias de hoje, pois já á trezentos anos se dizia que “…se descem dezasete degraos, & por esta causa he muyto húmida a parede da nave do norte…”

Esperemos que o manto vermelho não tenha que vir a servir para amarfanhar essas Águas, tão imensas quanto o MANTO de SANTA MARIA que a todos Abriga, Protege e Consola.


Esconde-se debaixo do Manto de Santa Maria muitos mistérios. Levante-se o Véu.

8 comentários:

Anónimo disse...

Gostei da equiparação. Obrigado pela informação.

Vitor

Anónimo disse...

Peço desculpas mas só agora percebi que devia ter utilizado o vosso forum para o comentário.

Não entendi a que esferas se referiam na entrada.

Vitor

Anónimo disse...

Boa noite. A ilustração do texto é de optima qualidade antes de mais. A ultima imagem deixou-me surpreendida, a julgar que encontram-se dois Cristos a coroar a Nossa Senhora. Terei visto bem ou não se trata da mesma personagem? Quem foi o pintor desse quadro?
Boa noite e agradecida
Silvia

Anónimo disse...

Cara Sílvia

Por favor repita a sua questão no fórum!

Anónimo disse...

DEGRACONIS

Silva vou tomar a liberdade de transladar o seu comentário para outras terras. Veja o forum, tópico Santa Maria.

De qq forma fica aqui o nome do pintor: Enguerrand Quarton sec xiv

Rui Ferreira disse...

Entretanto o servidor do forum está INOP.

são 22.24h de 13 de Fevereiro, Sexta feira, 13 (eh, eh!!)

Anónimo disse...

Ontem faz não sei quantos anos que os templários foram presos. A lenda da sexta feira treze deriva desse episódio. O forum desapareceu e não se percebe porque? Estão os dois acontecimentos relacionados?

Anónimo disse...

O forum ja esta em operacional