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7/21/2011

“INSCRIPÇÕES PORTUGUESAS” de Luciano Cordeiro

A DESCOBERTA DA LÁPIDE DE GUALDIM PAIS
Considerações em torno da descoberta -Parte III Parte II  Parte I
Autoria: Degraconis | Cethomar
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Aqui fica o interessante texto de Luciano Cordeiro publicado em “Inscripções Portuguesas”, no qual não só é possível colher informações sobre a inscrição, mas também detalhes da sua (re)descoberta. Apenas transcrevemos o texto no que interessa ao tema.

     “No movimento, um pouco desordenado, diga-se de passagem, das celebrações apotheosicas, centenaes ou não, que ultimamente se tem manifestado entre nós, pensaram alguns cavalheiros de Thomar em promover uma que attrahisse as attenções e a concorrência de forasteiros á formosa cidade do Nabão, bem digna realmente de ser mais conhecida e visitada. Tiveram, então, a feliz idéa de tomar por thema o nome e a memoria do valente Templário portuguez, Galdino Paes, tão deploravelmente esquecido também, e de quem póde dizer-se que foi, alem de fundador de Thomar, um dos mais intrépidos e persistentes cooperadores da fundação de Portugal.

      Sob aquella idéa se reanimou o empenho do meu amigo e distincto director-professor da Escola Industrial d'aquella cidade, sr. Manuel Henrique Pinto, de encontrar a jazida dos restos do glorioso Templario. Aproveito a occasião para dizer, com reconhecimento, que o sr. Pinto tem sido o meu mais dedicado e caloroso auxiliar n'esta colheita de calcos de inscripções portuguezas. Honra lhe seja, que n'isso não é a mim, mas á Historia e ao paiz, que presta um bello serviço.

Obtendo licença para sondar as paredes d'aquella interessantissima e vetusta igreja de Santa Maria do Olival ou dos Olivaes, que por si dava assumpto para uma soberba monographia sobre a historia da architectura nacional, o sr. Pinto, com dois amigos egualmente interessados n'esta pesquiza, começou-a e teve a fortuna de, ás primeiras tentativas, encontrar a pedra (naturalmente um dos lados do sarcophago), em que está, nitida e graciosamente cavada a inscripção de que tirou e me enviou o magnifico calco, em poucos minutos reproduzido pelo lapis primoroso e firme de Casanova. Como se vê, a inscripção não offerece hesitações ou duvidas de leitura ou de contemporaneidade, esta ultima perfeitamente flagrante, para quem conhece a epigraphia tumular do tempo, com as suas cruzes espalmadas (pattées) iniciaes, com as maiúsculas oscillando entre o romano e o gothico, com o seu pautado, até com a sua redacção dos velhos obituarios e livros de calendas, monasticos. Lê-se ao primeiro relance. Que o til ou plica que ornamenta um dos XX da era, não suggira reparo. Tem o mesmo valor que os do e (era), do m (mil) ou dos cc (duzentos): isto é, nenhum tem. O Viterbo do Elucidario já advertiu esta especie de mau habito decorativo, inconsciente.

      A era é indiscutivelmente a de 1233, correspondente ao anno de Christo de 1195. Sempre se lucrou, com a idéa do centenario, ficarmos definitivamente sabendo que o grande Templario morrêra em 1195, a 13 de Outubro. Teria então setenta e sete annos, se também acertou Costa (Hist. da Ord.), quando o dá nascido em 1118. Cedo fizera Galdino a sua iniciação de Cavalleiro do Templo nas longínquas campanhas da Syria; mas, por mais cedo que n'aquelles tempos se fosse homem, é claro que andam erradas algumas datas das suas doações e fundações. Apparecer-nos elle como Mestre,—tibi Magistro Gualdino,—em 1161, isto é, aos quarenta e três annos, na doação das casas e herdades cultivadas e por cultivar junto de Cintra, não repugna, comtudo.”



APÊNDICE

Após a publicação da Parte I deste artigo fomos questionados sobre a continuação do texto que recortámos do jornal “A Verdade” de 1895, nomeadamente quanto à transcrição da Lápide que se terá feito na altura. Aproveitamos o final do artigo para dar então a conhecer a parte que excluímos no que respeita à transcrição, informando que após essa transcrição, informa-nos Vieira Guimarães de uma outra descoberta na igreja. Descoberta essa a que já nos referimos num artigo de Abril de 2010, e onde colocámos uma foto actual para a ilustrar.


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