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12/20/2010

OS PASTORINHOS DE SANTA BÁRBARA - PARTE VII

SANTA BÁRBARA DOS SETE MONTES
Tomar Lendário

Monte de Santa Bárbara (continua noutro capítulo)
Excerto do “Tomar Lendário” 1934

Apesar dos esforços que fizeram no sentido de recolher informação profícua, no âmbito da identificação destas ruínas com a dita capela, foi empresa infortuita, tanto quanto a confusão e incerteza que reina entre quem tenta dar notícias dessa desaparecida capela.

Sentiram-se tentados a validar tal identificação, em parte pelo envolvimento emocional que criaram com o espaço, mas também por alguns factos que inicialmente podiam apontar para a mesma conclusão.

“Vestígio de ruína: e, ninguém sabe ao certo, por mais que se revolva a história do passado, se foi uma capela erguida a Santa Bárbara” segundo Antónia Guerra em 1934, e continua, “Mal começava a dar, nas torres, meia noite…surgiam de repente uns vultos brancos, saltando por ali silvados e barrancos…juntavam-se por fim em grupos, com prazer, a discutir: depois sumiam-se..” e se não eram as egrégoras dos antigos freires cavaleiros que também de branco trajavam, e se não dos Pastores do Oriente, eram as bruxas!! Sim! Jamais alguém as viu…quem se abrigava ali, no emaranhado mato…”

Não se exclui a possibilidade de ser uma simples casa florestal que ficou esquecida no tempo, mas o facto de encontrar-se na cota mais elevada de uma das colinas mais elevadas que compõe os designados Sete Montes, excepção se faça às que suportam o Convento e Castelo, e a tipologia do edifício, susceptível de se enquadrar nas típicas capelas e capelinhas, apontam o contrário. O bom lajeado e o esforço construtivo levado a cabo neste espaço, escavado em boa parte na colina, parecem ser indiciadores de um uso mais refinado do que casa de abrigo de pastores ou de guardas florestais.

Não será inoportuno reforçar a ideia que possa advir do facto do outrora edifício ser lajeado. A escassez de descrições medievais das casas comuns e os sucessíveis restauros, não permitem ter uma ideia concreta e clara de como seriam as habitações do homem medieval, mas sabemos que no pavimento seria corrente a utilização de terra batida. Quando os recursos eram bastantes, podia-se conseguir um acréscimo de conforto, ladrilhando ou lajeando o chão, a exemplo do que sucedia nos templos e outros edifícios nobres, não obstante termos encontrado nas Visitações da Ordem de Cristo (ver Pedro Dias. Aspectos Artísticos nas Visitações) referências a pavimentos ladrilhados de tijolo ou lajes, em Tomar, mas referindo-se a habitações de pessoas com algum estatuto. Um dos quadros de Gregório Lopes em Tomar representa um pavimento dessa natureza. Do telhado poderíamos dar semelhantes notícias.

Apesar de parcos os factos conhecidos relativamente à antiga Capela de Santa Bárbara, podemos tentar esboçar uma cronologia da mesma e para isso utilizaremos os próprios documentos:



A incansável procura de documentos permitiu reunir mais alguma informação, além da citada: Após a Câmara ter retirado a forca do espaço onde depois se instalou a Capela de Santa Bárbara, foi ainda antes desta ser assim conhecida, construída uma pequena ermida (talvez seja a mesma) onde se instalou um Cristo Crucificado. Pouco mais sabemos do assunto do que o facto de que em 1699 já ser designada como Capela de Santa Bárbara. No início do século XX ainda essas ruínas eram visíveis.


Todavia, orientados pelo espírito que sempre nos tem impulsionado a trazer novas informações ou perspectivas diversas da história, impunha-se acrescentar mais detalhes ao que já tem sido escrito e constantemente repetido. Pelas informações que demos agora a conhecer, retiradas essencialmente dos “Anais Do Município de Tomar” e dos livros do Amorim Rosa, sabemos que o lugar da forca, e posteriormente a Capela de Santa Bárbara, estava instalada em terrenos do Convento de São Francisco.

Teríamos então que tentar a nossa sorte no livro que relata a história dos Franciscanos em Portugal, “Historia Seráfica da Ordem dos Frades Menores de S. Francisco na Província de Portugal…, obra rara que infelizmente só é consultável através de microfilme, o qual esteve indisponível por motivos de reparação da fita, sendo também um dos motivos que nos levou anunciar a publicação deste trabalho para 06 de Dezembro, dia de Santa Bárbara.




(o sublinhado é nosso)

Como poderão constatar a informação constante nos “Anais” e em Amorim Rosa é possivelmente retirada deste livro, sem todavia o terem transcrito, pelo que ficamos “de muitas alegrias” por a termos consultado e conseguirmos trazer ao vosso conhecimento mais uns detalhes que nos deixou encantados.

Informa-nos do local onde estiveram a forca e a capela, local de onde as “pessoas” podiam intrometer a “vista” no quotidiano dos Frades, pelo que concluímos que a ruína da qual temos vindo a escrever não será certamente o lugar de Santa Bárbara, visto esta não o permitir pela distancia a que está. Dá-nos também noticias sobre a devoção que o povo tinha à imagem do Cristo Crucificado, iluminando-o dia e noite para que fosse sempre “manifesto” aos olhos dos Tomarenses. Uma “carvalheira” de misteriosa imagem teria surgido junto ao local e em 1699 teria sido alvo da atenção de Frei Fernando da Soledade.


Próximo Capítulo
OS DEMÓNIOS DO CONVENTO DE CRISTO
Os mundos subterrâneos

5 comentários:

Anónimo disse...

o que é uma cravalheira?

Anónimo disse...

O texto não está a fazer muito sentido. Não consigo perceber que coisa é essa que nasceu no cristo.

Anónimo disse...

CARVALHEIRA É UMA ÁRVORE DA ESPÉCIE DOS CARVALHOS. PODIAS TER VISTO A NET.
ANTUNES

Anónimo disse...

http://pt.wikipedia.org/wiki/Carvalheira

Anónimo disse...

???